domingo, 30 de outubro de 2011

Profissão Contador

Há pouco tempo, me questionaram se eu não queria mais ser contador. De imediato respondi que "NÃO. A responsabilidade está além de mim". Mas... de repente, senti um aperto no coração "como poderia ser professora de contabilidade, se eu tinha aversão a profissão"?

É, realmente, não posso abandonar a profissão Contador. Primeiro porque AMO as cirandas dos números, segundo porque AMO ensinar CONTABILIDADE. Mas porque eu e alguns colegas estão se sentindo tão incomodados com a contabilidade?

Resolvi, tentar responder a mim mesma e a vocês, colocando na íntegra dois textos que abordam os meus MOTIVOS e TEMORES.

Farei ao longo dos artigos frisos em negrito e/ou comentários em verde ou vermelho.

Mudanças exigem que contador seja mais capacitado

Por Jacqueline Farid | Para o Valor, do Rio
A troca dos robustos livros de papel pelo sistema informatizado está facilitando o trabalho dos auditores da Receita Federal, mas ainda é um desafio para as empresas que buscam adaptar-se aos três subprojetos que compõem o Sistema Público de Escrituração Digital (Sped). O trio digital gera aumento da arrecadação do governo, exige maior capacidade técnica dos responsáveis pelo trabalho contábil das empresas e contribuem para reduzir a concorrência desleal, segundo analisam contadores.





O problema neste ponto é que enquanto estamos nos capacitando os empresários vivem a luz das trevas. Não acreditam que serão penalizados por seus atos; sem maiores compromissos com o fisco e a legislação. Continuam trabalhando vendo o contador, apenas, como guarda livros ou emitente de tributos.


Responsável pela movimentação contábil de 350 empresas na Sevilha Contabilidade, Vicente Sevilha Jr avalia que os três subprojetos - Sped Contábil, Sped Fiscal e Nota Fiscal Eletrônica - exigem um cuidado maior dos profissionais, já que a verificação do conteúdo pelos fiscais ficou mais fácil e detalhada. "Antes o contador podia errar mais", resume.


Aqui temo um problema maior, o empresário ao contratar um faturista não se preocupa em saber se realmente este está emitindo a nota corretamente, com o preenchimento detalhado e exigido pelo SPEDFiscal. Apesar de nossos alertas, agem como se fosse tolice o que falamos. E ao enviar as informaçãoes diretamente ao SPED, consta nossos nomes como responsáveis e não somos nem fomos responsáveis. Eu, mesma, fazia a correção dos arquivos enviados por um cliente de seu setor fiscal para o faturista e o mesmo continuava a cometer os mesmos erros. No final o empresário achou que o seu funcionário estava sendo importunado por mim, com tantas informações que não o deixavam trabalhar direito.



Para Miguel Silva, advogado tributarista e sócio da Miguel Silva & Yamashita Advogados, a maior virtude do Sped é a redução da concorrência desleal, já que a sonegação é dificultada. No entanto, lamenta o que considera "um sistema meramente arrecadatório, não tributário". Na avaliação do especialista, o aumento de arrecadação gerado pelas novas regras deveria possibilitar redução da carga.

O Sped, com seus três subprojetos, foi instituído por decreto em janeiro de 2007 e faz parte do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), do governo federal. O principal objetivo, de acordo com o Ministério da Fazenda e a Receita Federal, é a informatização da relação entre o Fisco e os contribuintes. Segundo declara a Receita em sua página na Internet, o sistema "estabelece um novo tipo de relacionamento, baseado na transparência mútua, com reflexos positivos para toda a sociedade".



Uma transparência que considero salutar. Necessário, até mesmo, para a valorização dos nossos conhecimentos e conseguente valorização profissional.



Miguel Silva participou do projeto piloto para criação do Sped, que reuniu 69 empresas em 2007. Ele aplaude que a Receita tenha optado pelo diálogo, ao invés de definir as regras entre quatro paredes e exigir o seu cumprimento. "O Sped é uma revolução que muda completamente a relação entre Fisco e contribuinte", define.




Tem se mostrado uma realidade, por conta dos diversos cursos dados em parceria com os órgãos de classe e governo.





A Nota Fiscal Eletrônica (NF-e) foi o primeiro dos três subprojetos do Sped a ser implantado. Para a Receita, as principais vantagens da iniciativa são, para as empresas, redução de custos e entraves burocráticos e, para o governo, diminuição da sonegação e aumento da arrecadação.

Com a NF-e, governo e empresas têm acesso à nota fiscal no momento exato em que a transação comercial é realizada. Vicente Sevilha Jr explica que esse projeto foi implantado de forma escalonada, primeiro nas empresas maiores, chegando posteriormente às de menor porte. Ele lembra que as notas fiscais manuais ainda não deixaram de existir, mas a tendência é de extinção. A aposta do contador é que o mecanismo esteja eliminado até, no máximo, 2014. Já não é possível utilizar o papel, por exemplo, para transações de um Estado para o outro.

Miguel Silva define a NF-e como "um sistema em que o contribuinte não tem mais o livre arbítrio de emitir nota fiscal em sistema papel e, para circular a mercadoria, tem que solicitar autorização prévia". O acesso em tempo real às informações por parte de contribuintes e do Fisco o leva a considerar o processo como "um big brother fiscal, o contribuinte é monitorado todo o tempo".

Mas acreditem, ainda temos quem emita as notas como antigamente, colocando qualquer informação nela apenas para cumprir com o obrigação acessória.

Já a Escrituração Fiscal Digital (EFD) é definida pela Receita como um arquivo digital com escriturações fiscais das empresas e outras informações de interesse do Fisco. O sistema já está em pleno funcionamento para os tributos de ICMS/IPI e a partir de fevereiro de 2012, valerá também para o PIS/Cofins.

Outro dilema, o faturista precisa conhecer a legislação do PIS e COFINS para dar a correta informação na NFe, e por mais que passamos a informação com o objetivo de facilitar o trabalho de todos, não há o compromisso efetivo para esta situação.

Sevilha Jr considera que o procedimento da EFD ainda não está em estágio de maturidade que possibilite um julgamento. Ele avalia que as empresas estão se adaptando ao procedimento, com necessidade de investimentos em sistema ou especialização.

Diria até que há quem diga que tudo isso é brincadeira.
Fonte: Valor Econômico


Multas e rigor nos prazos são entraves para categoria

Por Carlos Vasconcellos | Para o Valor, do Rio

Um grande passo para a contabilidade. Um salto difícil para os contadores. Assim a categoria de contabilistas encara a necessidade urgente de adequação ao Sistema Público de Escrituração Digital (Sped) no Brasil. "A tecnologia é boa e vai trazer benefícios para a categoria no longo prazo", afirma Damaris Amaral, presidente do Sindicato dos Contabilistas do Rio de Janeiro (Sindicont-RJ). "Por outro lado, consideramos abusivas as multas por não cumprimento da lei. Deveria haver um período maior de adaptação às novas regras".




Não precisa nem dizer que concordo com o ponto de vista de Damaris. As multas, hoje, devem ser repensadas pelos contabilistas com base, inclusive, nos honorários cobrados. Como poderemos pagar multas de R$5.000,00 cobrando salário - mínimo dos clientes?


Damaris explica que as multas podem chegar a 150% do valor do imposto devido por erros de informação no preenchimento do Sped Contábil, caso a Receita considere que houve má fé por parte da empresa. "Isso pode levar a empresa a paralisar atividades ou fechar as portas", pontua. "Um simples atraso no envio do Sped Contábil, por exemplo, gera multa de R$ 5 mil. Mas e se a internet cair e impossibilitar o envio naquele dia?"




Será uma briga judicial, pois teremos que comprovar que não houve culpa neste caso da internet não funcionar ou falha no equipamento.




Com a exigência do Sped Contábil, do Fiscal e do EFD-PIS/Cofins para empresas tributadas pelo lucro real, os contabilistas correm contra o tempo para entregar os dados no prazo. A medida valerá também para as empresas tributadas por lucro presumido, entre elas as de prestação de serviço, a partir de janeiro. "Estão sendo feitas exigências sem prazo hábil para examinar se há condições de implementá-las, o que gera grande ansiedade", critica Damaris

Na verdade, a questão "tempo hábil"vem sendo mais uma desculpa nossa do que a realidade, deixamos tudo para última hora. É quando nos damos conta que não temos a informação necessário ou o conhecimento para a geração dos arquivos. Isso, também, precisa muda a "CULTURA da ÚLTIMA HORA".
A saída é a preparação dos profissionais. "A mão de obra precisa se reciclar ou ficará de fora do mercado fiscal e contábil", alerta Victor Domingos Galloro, presidente do Sindicont-SP. "Estamos organizando palestras e grupos de estudo para o debate e assimilação das mudanças provocadas pelas novas normas", informa.

Gente, palestra, apenas gera um conhecimento sem aprofundamento o que se precisa mesmo é dar treinamento prático. Exemplos práticos de como fazer as adaptações exigidas pela "NOVA CONTABILIDADE". Chega de "PALESTRAS".

"Passamos por uma mudança de paradigma no controle fiscal das empresas", diz Galloro. "Não só pelo Sped, mas pela adoção de normas contábeis de padrão internacional." Isso valoriza o profissional da área, mas tem um preço: "O trabalho aumentou em 30% a 40% com a implantação do Sped Contábil e do Fiscal", explica. "Mas a maioria das empresas, que também deveriam ajudar no processo, ainda está despreparada."

Corretíssimo, esse aumento de carga laboral não vem sendo questionada por muitos colegas contabilistas, e vem causando sérios problemas na qualidade do serviço prestado. Quem realmente quer atender ao mercado está indo em busca de mais funcionários, de capacitar os existentes e como tudo tem um custo, um aumento de honorários só é DEVIDO.
Ao mesmo tempo em que prevê o aumento da arrecadação da Receita, com a melhoria da fiscalização possibilitada pelo Sped, o presidente do Sindicont-SP acredita que o custo das empresas deverá cair. "A adoção das novas ferramentas vai facilitar a organização e gestão das empresas. Com isso, o custo da administração fiscal e contábil deve diminuir", prevê Galloro.

Deve estar de brincadeira, o relato acima, como cair? Se mão-de-obra qualificada, software que atendar as necessidades da empresa tem um custo maior? Claro, que quanto a gestão não tenho dúvidas que irá melhorar afinal a empresa por conta dos programas integrados, terão em tempo real as informações necessárias para um excelente gestão; além do que o contabilista agora será mais gerencial, como um verdadeiro STAFF do que executor das obrigações acessórias.
  
O Sped motivou também a reformulação dos cursos de ciências contábeis. "As diretrizes básicas do Ministério da Educação já exigem que haja o uso de laboratórios no ensino de contabilidade. Usamos as ferramentas utilizadas nas empresas, tanto para a emissão como para os exercícios de escrituração fiscal e contábil", explica Raimundo Nonato, coordenador do curso no Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais - Ibmec Rio de Janeiro.

Ponto muito bem abordado. As IES - Instituições de Ensino Superior - devem ver modificar suas matrizes curriculares de forma a "forma o profissional CONTADOR", pois não vê-se esse compromisso em alguns intituiçoes. O interesse pela área apenas acadêmica tem formado profissionais cheios de teorias, mas incapazes de desenvolver sua atividade fim: a CONTABILIDADE.

Quanto ao laboratório, sou da opinião que hoje, o curso de Contabéis, deve ser igual ao de Medicina, com aulas práticas desde o terceiro semestre. Um laboratório onde se fosse possivel desenvolver aulas praticas com base nas aulas teoricas. Imagine a cena, pela manhã teoria dos contratos, a tarde elaboraçao de vários contratos: abertura de uma sociedade empresária, de uma sociedade simples, alterações contratuais. No dia seguinte, aula teorica sobre constituição de empresa, a tarde, prática com o preenchimento dos documentos: capa da junta, requerimento de empresário ou contrato social, DARF etc e ainda mais, contabilizar,usando débito e crédio, histórico e data, a abertura da empresa.Um sonho que ainda verei virá realidade.

Para ele, o impacto do Sped está na forma de operar a informação. "Antes, era possível refazer os documentos em caso de erro. Hoje, com o sistema digital, a informação lançada é considerada inquestionável e sem volta", afirma. "Então, é preciso estar apto a preparar as informações contábeis em tempo real e em acertar da primeira vez. E ainda não vejo esse nível de preocupação em grande parte dos profissionais", lamenta ele. No IBMEC-RJ, os alunos têm 80 horas de aula nos laboratórios. "É lá que os alunos realmente vão descobrir como exercer a profissão", diz Nonato.

Ainda, temos que "poder" refazer informação, pois erro é possível de existir. E continuará sendo possível. O que vai impactar é quem descobriu o erro, em que momento e se ainda pode ser retificado!
Fonte: Valor Econômico

Gostaria, que meus colegas contabilistas e os alunos de contábeis, postassem aqui a sua opinião sobre o que foi abordado neste espaço.

Que Deus continue a nos abençoar com a sede do conhecimento. 

Arquivo do blog