Foi assim:
- Por que não tentar? Tem estabilidade, o salário é certo, não tem incertezas trabalhistas, nem favoritismos.
Então pensei: E por que não?
Aparentemente decisão fácil. O que ninguém sabe é que estava em jogo algo que amava fazer: ensinar. Mas havia incertezas neste momento de tantas mudanças. Minha especialidade era a educação a distância. Com carga horária certa de quatro horas. E no presencial, era tudo a depender.
Não vou dizer que não havia problemas. Cada sala de aula presencial trazia suas características. Alunos com diferentes saberes. Entretanto, havia algo em comum: a vontade de aprender. E como é prazeroso ensinar a quem assim o deseja.
Tenho cada lembrança de lá. Meu Deus..como eu fui feliz.
Mas veio o choro. Descobrir que o "SABER" pode ser o maior entrave no convívio trabalhista. Entre gritos de não tenho medo de ser demita e choros trancados num banheiro decidi que vou fazer o concurso.
Cancelei as horas do horário pela manha fui para um cursinho. Horas de estudos. Vi muitos jovens que respostas na ponta da língua. E colegas como eu com mais de 40 sentindo o peso da diferença do conhecimento. Num dia me vi diante de um dilema, precisavam que as aulas fossem a tarde. E a tarde eu não podia. Meu tempo era somente pela manha. Já imaginam a cena. Briguei pelos meus direitos de ter esta aula pela manha. Fui voto vencido. Lembro que a aula seria sobre informática em relação a Linus, do qual tinha pouco conhecimento. Acreditem, na prova de informática qual as únicas questões que não acertei? Claro, as que tratavam do LINUS. Oh ódio. Não vou nem dizer que palavras utilizei sobre o egoísmos dos meus colegas do curso naquele dia.
Prova aconteceu normal. Em minha opinião eu havia sido péssimo, mas fazer o que. Liguei para minhas colegas de minha idade na época e elas estavam umas tristes porque não haviam se saído bem e outras esperançosas. Eu...sei não..
Saiu o resultado. Lembro minha nora, minha cúmplice, me mandou o gabarito. A medida que eu ia conferindo, não acreditava, era clara que aquele gabarito não era o meu. Meu colega professor me perguntou porque eu estava rindo. Lembro de responder: este gabarito não pode ser o meu. Porque se for eu passei. Ri muito. E ele me disse: você não existe mesmo. Minha colocação 101a. Morta de feliz liguei para minhas colegas e para uma em especial e senti vergonha da minha alegria elas estavam numa colocação que não dificilmente seriam chamadas.
Dois meses depois lá estava eu fazendo o curso para entrar no trabalho. Feliz? Sim, mas ao mesmo tempo apreensiva. O que me esperava no futuro.
Meu concurso.
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