Publicado no DO em 28 ago 2015
Regulamenta
os procedimentos para habilitação e concessão de Seguro-Desemprego para
empregados domésticos dispensados sem justa causa na forma do art. 26
da Lei Complementar nº 150, de 1º de junho de 2015.
O Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo ao Trabalhador - CODEFAT, no
uso das atribuições que lhe confere o inciso V, do artigo 19, da Lei nº
7.998, de 11 de janeiro de 1990 e conforme o disposto no art. 26, § 1º
da Lei Complementar nº 150, de 1º de junho de 2015,
Resolve:
Art. 1º Estabelecer os critérios relativos ao processamento de
requerimentos e habilitação no Programa do Seguro Desemprego na forma do
que dispõe o art. 26, § 1º, da Lei Complementar nº 150, de 1º de junho
de 2015 e a Lei nº 7.998, de 11 de janeiro de 1990, no que couber.
Art. 2º O Programa do Seguro Desemprego tem por finalidade:
I - prover assistência financeira temporária ao trabalhador desempregado em virtude de dispensa sem justa causa, inclusive a indireta;II - auxiliar os trabalhadores na busca ou preservação do emprego, promovendo, para tanto, ações integradas de orientação, recolocação e qualificação profissional na forma da Lei.
Art. 3º Terá direito a perceber o Seguro-Desemprego o empregado
doméstico dispensado sem justa causa ou de forma indireta, que comprove:
I - ter sido empregado doméstico, por pelo menos quinze meses nos últimos vinte e quatro meses que antecedem à data da dispensa que deu origem ao requerimento do Seguro-Desemprego;
II - não estar em gozo de qualquer benefício previdenciário de prestação continuada da previdência social, exceto auxílio-acidente e pensão por morte;III - não possuir renda própria de qualquer natureza, suficiente à sua manutenção e de sua família.
§ 1º Os requisitos de que trata este artigo serão verificados a partir das informações registradas no CNIS e, se insuficientes, por meio das anotações na Carteira de Trabalho e Previdência Social - CTPS, por meio de contracheques ou documento que contenha decisão judicial que detalhe a data de admissão, demissão, remuneração, empregador e função exercida pelo empregado.
§ 2º Considera-se um mês de atividade, para efeito do inciso I, deste artigo, a fração igual ou superior a 15 (quinze) dias, conforme previsão do art. 4º, § 3º da Lei nº 7.998/1990.
Art. 4º Para requerer sua habilitação no Programa do Seguro
Desemprego, o empregado doméstico deverá comparecer perante uma das
Unidades da rede de atendimento vinculadas ou autorizadas pelo
Ministério do Trabalho e Emprego - MTE munido dos seguintes documentos:
I - Carteira de Trabalho e Previdência Social - CTPS, na qual deverão
constar a anotação do contrato de trabalho doméstico e a data de
admissão e a data da dispensa, de modo a comprovar o vínculo
empregatício doméstico, durante pelo menos 15 (quinze) meses nos últimos
24 (vinte e quatro) meses;
II - Termo de Rescisão do Contrato de Trabalho – TRCT atestando a dispensa sem justa causa;
III - declaração de que não está em gozo de benefício de prestação
continuada da previdência social, exceto auxílio-acidente e pensão por
morte; e
IV - declaração de que não possui renda própria de qualquer natureza suficiente à sua manutenção e de sua família.
§ 1º As declarações de que tratam os incisos III e IV, deste artigo,
serão firmadas pelo trabalhador no documento de Requerimento do Seguro-Desemprego do Empregado Doméstico – RSDED fornecido pelo MTE na unidade de atendimento.
§ 2º Os documentos descritos nos incisos I e II serão substituídos por
sentença judicial com força executiva, decisão liminar ou antecipatória
de tutela, ata de audiência realizada na Justiça do Trabalho ou acórdão
de Tribunal onde constem os dados do trabalhador, tais como a data de
admissão, demissão e salário, dados do empregador e o motivo da
rescisão, se direta sem justa causa ou indireta.
Art. 5º É obrigatória a identificação do empregado doméstico no NIS,
NIT ou no Programa de Integração Social - PIS, cujo número de inscrição
deverá ser indicado em campo próprio do requerimento de habilitação e do
formulário de Comunicado de Dispensa do Empregado Doméstico - CDED.
Parágrafo único. O agente público ou atendente vinculado ao Ministério
do Trabalho e Emprego - MTE deverá conferir se o requerente preenche os
critérios de habilitação no Programa do Seguro Desemprego e, em caso
afirmativo, fornecerá ao trabalhador a Comunicação de Dispensa do
Empregado Doméstico - CDED, devidamente preenchida.
Art. 6º O valor do benefício do Seguro-Desemprego do empregado
doméstico corresponderá a 1 (um) salário-mínimo e será concedido por um
período máximo de 3 (três) meses, de forma contínua ou alternada, a cada
período aquisitivo de 16 (dezesseis) meses, contados da data da
dispensa que originou habilitação anterior.
§ 1º O requerimento de habilitação no Programa do Seguro Desemprego só
poderá ser proposto a cada novo período aquisitivo, desde que cumpridos
todos os requisitos estabelecidos na Lei Complementar nº 150/2015 e
nesta Resolução.
§ 2º A contagem do prazo do período aquisitivo não se interrompe, nem se suspende.
Art. 7º O direito de requerer a habilitação no Programa do Seguro
Desemprego, bem como o de receber o benefício tem caráter pessoal e
intransferível, exceto para os seguintes casos:
I - morte do trabalhador, para efeito de recebimento das parcelas legalmente adquiridas que abrangem o período que vai da data da dispensa à data do óbito do segurado, mediante a apresentação pelos sucessores de decisão oriunda do Poder Judiciário ou alvará judicial;II - grave moléstia do segurado, comprovada pela perícia médica do Instituto Nacional de Seguridade Social - INSS, quando serão pagas parcelas legalmente adquiridas ao seu curador legalmente designado ou representante legal, mediante apresentação de mandato outorgado por instrumento público, com finalidade específica para o benefício a ser recebido;III - moléstia contagiosa ou impossibilidade de locomoção, devidamente comprovada mediante perícia médica do Instituto Nacional de Seguridade Social - INSS, quando serão pagas parcelas vencidas a procurador designado em instrumento público, com poderes específicos para receber o benefício;IV - ausência civil, quando serão pagas parcelas vencidas ao curador designado pelo Juiz, mediante certidão judicial de nomeação do curador habilitado à prática do ato;V - beneficiário preso, impossibilitado de comparecer pessoalmente à instituição financeira responsável pelo pagamento, quando as parcelas legalmente adquiridas serão pagas ao dependente, segundo a ordem preferencial de que trata o art. 16, da Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991, indicado por meio de instrumento público com poderes específicos para o ato.
§ 1º Nas excepcionais hipóteses elencadas nos incisos I a V, o mandatário deverá instruir o requerimento de habilitação no Programa do Seguro Desemprego com os documentos exigidos no art. 4º desta Resolução.§ 2º O mandato deverá ser outorgado em caráter individual, especificando a modalidade de benefício de Seguro-Desemprego a qual o requerimento faz referência e à dispensa que lhe deu causa.§ 3º Será permitido o processamento de requerimento de parcelas legalmente adquiridas por beneficiário que se encontre preso na forma especificada na Resolução nº 745, de 27 de maio de 2015.
Art. 8º A habilitação no Programa do Seguro Desemprego deverá ser
requerida perante as unidades de atendimento do Ministério do Trabalho e
Emprego - MTE ou aos órgãos autorizados no prazo de 7 (sete) a 90
(noventa) dias contados da data da dispensa.
§ 1º No ato do atendimento o agente público verificará se o requerente reúne os requisitos legais e os estabelecidos nesta Resolução, bem como se está munido dos documentos listados no art. 4º, necessários à habilitação no Programa do Seguro Desemprego;§ 2º Sempre que viável, o requerente será incluído nas ações integradas de intermediação de mão-de-obra com o objetivo de recolocá-lo no mercado de trabalho ou, não sendo possível, encaminhado a curso qualificador disponível ofertado no âmbito do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico de Emprego - PRONATEC.
Art. 9º O pagamento da primeira parcela será agendado para trinta dias
após a data do protocolo do RSDED e as demais a cada intervalo de
trinta dias, contados da emissão da parcela anterior.
Art. 10. O trabalhador fará jus ao pagamento integral das parcelas
subsequentes para cada mês, quando contar com fração igual ou superior a
quinze dias de desemprego de forma que:
I - O segurado terá direito a 1 (uma) parcela se ficar desempregado até 44 dias após a demissão;II - O segurado terá direito a 2 (duas) parcelas se ficar desempregado até 60 dias após a demissão; eIII - O segurado terá direito a 3 (três) parcelas se ficar desempregado por 75 dias ou mais após a demissão.
Art. 11. A quantidade de parcelas adquiridas são obtidas a partir do
cálculo feito entre a data da demissão e a data do reemprego, a data do
implemento do benefício previdenciário, data do óbito ou da data da
prisão do segurado.
Art. 12. O pagamento do benefício poderá ser efetuado mediante crédito
em conta simplificada ou conta poupança na Caixa Econômica Federal -
CEF ou, ainda, a partir de apresentação do cartão cidadão ou outro
documento de identificação com foto.
Parágrafo único. As parcelas creditadas indevidamente pelo agente
pagador em conta corrente reverterão automaticamente ao Programa do
Seguro-Desemprego.
Art. 13. O segurado deverá promover o recebimento de cada parcela no
prazo de 67 (sessenta e sete) dias a contar de sua disponibilização para
saque.
§ 1º Passado o período estabelecido no caput deste artigo, as parcelas não sacadas serão devolvidas para o Fundo de Amparo ao Trabalhador - FAT.§ 2º As parcelas devolvidas somente poderão ser reemitidas a partir de solicitação do beneficiário ou por meio de decisão proferida pelo Poder Judiciário.§ 3º A reemissão da parcela devolvida poderá ser solicitada no prazo de 2 (dois anos) contados da data da sua devolução individualmente considerada.§ 4º Na hipótese de não ser concedido o benefício do Seguro-Desemprego ao empregado doméstico, o Ministério do Trabalho e Emprego notificará o requerente quanto aos motivos do indeferimento.
Art. 14. O requerente que não satisfizer os requisitos legais e os
estabelecidos nesta Resolução, terá o pedido de habilitação indeferido.
Parágrafo único. O agente público ou agente credenciado informará ao
requerente que este poderá interpor recurso administrativo da decisão de
indeferimento.
Art. 15. A habilitação do trabalhador no Programa do Seguro Desemprego
do Empregado Doméstico será suspensa nas seguintes situações:
I - admissão do empregado doméstico em novo emprego;II - início de percepção de benefício de prestação continuada da Previdência Social, exceto aqueles permitidos pelo art. 28, III, da Lei Complementar nº 150, de 1º de junho de 2015; eIII - recusa injustificada por parte do trabalhador desempregado em participar de ações de recolocação de emprego, conforme regulamentação do CODEFAT.
Art. 16. A habilitação do empregado doméstico no Programa do Seguro Desemprego será cancelada:
I - pela recusa por parte do trabalhador desempregado de outro emprego condizente com sua qualificação registrada ou declarada e com sua remuneração anterior;II - por comprovação de falsidade na prestação das informações necessárias à habilitação;III - por comprovação de fraude visando à percepção indevida do benefício do seguro-desemprego; ouIV - por morte do segurado.
§ 1º Nos casos previstos nos incisos I a III deste artigo, será suspenso por um período de 2 (dois) anos o direito do trabalhador à percepção de parcelas de Seguro-Desemprego, dobrando-se este período em caso de reincidência;§ 2º O ato de cancelamento consiste no impedimento de recebimento de parcelas liberadas ou emitidas que serão devolvidas ao Fundo de Amparo ao Trabalhador - FAT;§ 3º Para efeito do Seguro-Desemprego, considerar-se-á emprego condizente com a vaga ofertada, aquele que apresente tarefas semelhantes ao perfil profissional do trabalhador, declarado ou comprovado no ato do seu cadastramento;§ 4º Para aferição de salário compatível, leva-se em consideração o piso salarial da categoria, a média do mercado baseado em dados de que dispõe o Sistema Nacional de Emprego - SINE e salário pretendido pelo requerente;§ 5º O cancelamento do benefício em decorrência de recusa de novo emprego, ocorrerá após análise por parte do Órgão competente das justificativas apresentadas pelo trabalhador.
Art. 17. As parcelas do Seguro-Desemprego do Empregado Doméstico,
recebidas irregularmente pelos segurados, serão restituídas mediante
Guia de Recolhimento da União - GRU ou por meio de compensação automática
consoante previsão do art. 25-A da Lei nº 7.998/1990, com redação dada
pela Lei nº 13.134, de 16 de junho de 2015 e na forma regulamentada em
resolução específica do CODEFAT.
Art. 18. Fica revogada a Resolução nº 253, de 4 de outubro de 2000.
Art. 19. Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação.
VIRGÍLIO NELSON DA SILVA CARVALHO
Presidente do Conselho
Fonte:Guia Tributário
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