sexta-feira, 5 de maio de 2017

Contabilidade é uma arte





Contabilidade é a arte de colocar no papel a história de uma empresa. Há quem diga que é apenas escriturar os atos e fatos contábeis, mas não é, é algo mais mágico.


De repente um estranho entra na sua vida e começa um diálogo que jamais teriam nem se fossem melhores amigos. Claro, ninguém conversa com um amigo sob o ângulo empresarial.

O cenário se dá, normalmente, no próprio escritório do contador, mas algumas vezes dentro da sala do futuro empresário.

As perguntas se iniciam com:
  1. Gostaria de abrir uma empresa;
  2. Quais documentos preciso?;
  3. Em quantos dias a empresa está aberta?; etc...
Do outro lado seguem as respostas, porém sempre precedidas de mais perguntas:
  1. Porque quê você quer abrir uma empresa?;
  2. Que tipo de empresa você pensa em constituir?;
  3. Haverá sócios?
  4. Tem ciência das obrigações inerentes a uma empresa?;
  5. Não seria melhor continuar como autônomo?;
  6. Já pensou sobre alguns situações peculiares, tipo sucessão após morte?;
  7. Os documentos são: identidade, cpf e comprovante de endereço. Definição do nome da empresa. Etc...
Aqui narrados só os pontos principais, uma vez que é muito comum o cliente se tornar próximo do contador, não é um amigo, é um conselheiro, um advogado, um psicólogo, menos amigo,; pode até ser seu pior inimigo. É na verdade um local de reclamações e poucos elogios.


Quando a empresa está em pleno funcionamento  e começa a dar frutos criando os impostos e contribuições o contador passa a ser odiado. Não acredita é? Pois é a mais pura verdade. Durante uma visita a um cliente este ao me ver foi logo dizendo: Ah, meu Deus, lá vem ? O que tenho que pagar agora? E olhe, foi com uma raiva, que me deixou sem jeito. Então, respirei fundo, dei uma boa risada e disse: você devia dar graças a Deus cada vez que me visse, pois o nosso escritório (na verdade disse: minhas meninas) faz por você o que mais odeia ou desconhece: escriturar suas notas fiscais, elaborar sua folha de pagamento, preparar as obrigações acessórios; e, olhe quem paga esta turma para fazer tudo isso sou eu. Nós damos o nosso melhor para que você possa fazer o que mais gosta: VENDER, então FIQUE FELIZ AO ME VER. Depois conversamos sobre outros assuntos. 

Lembro de minha fisioterapeuta durante uma sessão me ouviu contar que meus clientes não gostavam, não de mim, mas de contador. Ela ficou muito admirada. Conversa vem e vai resolveu abrir uma empresa. Após um ano de funcionamento, e durante mais uma sessão ela me disse: Agora eu entendo quando você diz que ninguém gosta do contador. Eu, também, não gosto. E caímos na risada. Ela me explicou que o contador traz a tona tudo o que não se tem conhecimento quando se resolve ser uma pessoa jurídica: escriturar livros, pagar impostos, CNPJ, FIC, folha de pagamento, Receita Federal, Estadual, administrar bens, etc... Um mundo que para ela era além de sua vivência. E tudo que ela queria era apenas ser e atuar como fisioterapeuta. 

Mas vou confessar, a única vez que este pensamento míope me incomodou de verdade, foi na inauguração de uma loja, onde os donos agradeceram aos fornecedores, aos clientes, as autoridades presentes, e em nenhum momento agradeceu aos nossos serviços. Fiquei lembrando de cada estudo das situações impares que a empresa tinha. Dos estudos da substituição tributária, da antecipação do ICMS, do Pis e Cofins não cumulativo, da rotatividade da folha, do Lucro Real, da distribuição de Lucros, do prolabore, e tantas outras situações importantes que tiraram noites de sono para prestar sempre uma solução viável e legal.

Mas tudo isso se evapora quando ao final de cada ano estes clientes permanecem conosco, se aconselhando, chorando suas mágoas, dividindo suas dúvidas e nos indicando para seus amigos.


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