Os desafios têm sido intensos no mundo
dos negócios, gerar lucro e caixa no cenário atual com carga tributária
representativa, mercado recessivo, fornecedor anunciando aumento no
custo de insumos, concorrente trabalhando com preço abaixo do mercado,
cliente exigindo o menor preço sem dar valor a qualidade etc. É louvável
aquele que se propõe ser empreendedor nos dias atuais!
A inovação, somada à paixão e “brilho
nos olhos” e o conhecimento do mercado onde está inserido não são
suficientes para gerir o negócio, ficando a questão técnica a cargo do
profissional de contabilidade que, juntos, numa parceria, farão a
gestão, colhendo os resultados.
Acompanhar se os volumes e o faturamento
propostos foram atingidos, se houve gestão nos custos e nas despesas,
se o lucro resultante está dentro do esperado, são ações já inseridas no
dia a dia do empreendedor. É comum haver indicadores econômicos para
acompanhamento dos resultados. Mas, por que o lucro não vira caixa? A
gestão do fluxo de caixa é tão importante quanto gerar lucro ou
prejuízo, ela determina a continuidade do negócio.
Vender e atingir as metas de volume e
faturamento é muito bom para o negócio economicamente, no entanto, o
prazo de recebimento afetará o caixa da empresa. Financiar seu cliente
não é bom para o caixa. Então, será excelente se além do atingimento das
metas de volumes e faturamento, o recebimento for “à vista”.
Comprar ao menor custo e suprir as
demandas da produção é essencial para o negócio economicamente, no
entanto, o prazo de pagamento afetará o caixa da empresa. Será excelente
se além do atingimento das metas de compras, o pagamento for “a prazo”.
Trabalhar os prazos junto aos clientes e
fornecedores auxilia na gestão da caixa e se bem gerido, ameniza a
busca de capital de giro junto às instituições financeiras. E para
completar o tripé do caixa, a outra rubrica com tamanha importância
quanto clientes e fornecedores, os estoques!
Pensar no estoque como uma terra sem lei
que fica “lá no fundo da empresa” é meio caminho andado para entrar em
uma grande confusão financeira. Em muitos negócios, o problema se torna
um triângulo das bermudas – não se sabe quando determinada mercadoria
entrou e nem o porquê de ela estar lá.
Com quem está o desafio de gerir o estoque para trazer caixa? Esta ação é interna e depende de todos os envolvidos no processo.
Comprar sem a necessidade adequada, em
uma quantidade maior que o giro registrado, substituir um insumo sem
plano de ação para consumo do saldo, problemas técnicos de qualidade,
destinação das sobras, como aproveitar os produtos fora de
especificação; sem relatar os gargalos de compra mínima, lotes de
produção mínimo, que no final de tudo, o cliente compra o produto que
ele quer, sem reconhecer qualquer esforço realizado até que o produto
esteja em suas mãos, e mais, exigindo o menor preço com qualidade.
A rotatividade ou giro do estoque
reflete diretamente no caixa da empresa. Controlar o tempo médio de
permanência de um produto antes da venda é essencial para a vida
financeira do negócio.
Identificar o estoque ideal é uma missão
desafiadora, porém possível se cada envolvido no processo tiver a
clareza do seu papel e os reflexos no negócio, tanto econômico (custos)
quanto financeiro (caixa). A ação é contínua, envolvendo desde
diretrizes estratégicas, políticas internas, planejamento adequado e
fluxo contínuo de informações.
É através do profissional de
contabilidade que o empresário se apoia na disseminação das melhores
práticas e controle das ações para perpetuidade do negócio.
Artigo de Daiana de Souza
Contadora e integrante da Comissão de Estudos de Contabilidade Gerencial do CRC/RS
Fonte: Jornal do Comércio
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