Outro dia passei por uma situação muito interessante. Ao indagar uma colega de trabalho se ela poderia ouvir o que eu havia escrito em um e-mail para ser enviado a um departamento jurídico. Ela virou para mim e disse: - Não acredito que eu precise corrigir uma redação sua, uma vez que você é blogueira, professora e contadora(técnica contábil)?
Naquele momento não entendi se ela estava me achando burra, admirada do meu pedido ou ironizando. Olhei em seus olhos, respirei fundo e respondi: Posso ser sincera? É que eu tinha quem fizesse isso por mim, minhas funcionárias.
Seus questionamentos giravam em cima de que ela aprendera tudo sozinha, na bagagem que havia trazido há quinze anos atrás, etc..
Seus questionamentos giravam em cima de que ela aprendera tudo sozinha, na bagagem que havia trazido há quinze anos atrás, etc..
O que foi dito além disso não tem tanta importância para mim quanto a pergunta inicial e o "aprendi tudo sozinha" . Então resolvi escrever sobre isto. Sobre Ensinar o que se sabe, como e porque, linguagem coloquial e trabalho em equipe. Mas será contando a minha história de vida.
Lembro que comecei a me interessar por contabilidade, não quando fiz o curso Técnico em Contabilidade, mas quando resolvemos abrir um escritório de contabilidade numa cidade do interior do Ceará. Suas pessoas que foram convidadas a lá trabalhar não queriam me ensinar nada. O que fiz? Virei a sombra delas. Ficava olhando sobre o ombro delas, vendo-as trabalhar. Pouco tempo depois, já entendia o que era o débito e o crédito, como funcionava o sistema contábil.
Resolvi começar pelo setor pessoal, porque elas não tinham tanta experiência e o sistema não tratava desta parte. Era tudo manual, a base, ainda, da datilografia. Nunca tive um curso sobre informática, mas comprei um livro sobre o Excel, pois precisava criar uma planilha que facilitasse o trabalho do setor. Criei uma planilha que interligava os dados da planilha da folha de pagamento e calculava o INSS a pagar e o FGTS. Era o máximo. Fiz logo uma assinatura numa revista de contabilidade para me manter sempre atualizada sobre as novidades da contabilidade. E assim fui aprendendo tudo o que sei hoje na área contábil.
Mas tínhamos um gargalho, grande, quem fizesse a manutenção dos computadores. Todos tinham que estar em rede e quando havia um problema nos computadores, por menor que fosse, esperava-se horas, ou dias para alguém consertar. O que fiz? Sompra do técnico de informática. Aos poucos fui entendendo como funcionava um ambiente de rede. Um amigo desta área começou a nos prestar serviço de manutenção e como havia algumas maquinas me ofereci para ir ajudando para agilizar o processo. Pronto, mais um problema resolvido, agora eu já podia dar manutenção básica aos meus aparelhos.
Um belo dia fomos envolvidos num grande escândalo contábil, meu marido entrou em depressão e tive que assumir o escritório sozinha. Foi um Deus nos acuda!!! Agora todos os setores tinha que assumir: fiscal, contábil e pessoal. Além da administração do escritório, finanças e tudo o mais. O que fiz? Sombra das que trabalhavam neste setor, leitura abrangente, etc...O maior problema era manter a equipe. Eram em torno de 11 empregados. Todos dependiam do escritório. Começamos a perder clientes, por conta deste escândalo. De repente tivemos nossos orçamentos reduzidos a 1/3 do que ganhávamos com a mesma despesa de antes.
Como manter a confiança dos clientes em mim? A maioria conhecia apenas o meu marido. Houve um processo natural, quem se identificava com meu estilo ficou e quem não, saiu. Claro que nosso quadro de empregados foi se reduzindo, mas tomei o cuidado de alocar cada uma delas num local de trabalho recebendo mais do que eu podia pagar.
Comecei a perceber que precisava incrementar minha educação, afinal só tinha o ensino médio, o futuro estava incerto. Entrei para a faculdade, nesta cidade do interior, e em primeiro lugar...após vinte anos sem estudar..dei entrevista e tudo. É claro que foi mais por brincadeira do meu colega jornalista do que pelo fato em si. O que ninguém entendeu é porque não quis me formar em Ciencias Contábeis e sim em Administração de Empresas. A resposta foi bem simples: eu queria ser a melhor contadora do mundo e o curso de Administração abria este mundo para mim. Saber administrar é um benção que poucos sabem fazer. Planejar, organizar, coordenar e executar esta sou eu.
Ao longo da faculdade fui me identificando com o ensino. Fui entendendo que o que eu fazia no escritório, sem nenhum conhecimento adminstrativo, era a forma correta de fazer. A ideia de formar uma equipe cujo traço de cada um completava a falta do outro era outra coisa correta. Contratar quem não tinha nenhum conhecido e formar este com a cultura da minha empresa era outro ponto forte. Entendi que tinha um dom: o dom de ensinar. Era um prazer repassar tudo o que eu sabia. Nunca tive medo que alguem tomasse o meu lugar por saber mais do que. Na verdade era isto que eu esperava de cada um que comigo trabalhava. Que soubessem mais do que eu, senão para que me serviriam? Existem dois lemas que acredito: ninguem rouba o seu conhecimento e quer alguma coisa da vida? Então, dê sempre o melhor de si.
Recebi o convite para ensinar na Faculdade pelo meu professor de direito. Era com ele que eu mais discursava em sala de aula. Creio que toda a minha curiosidade e sinceridade fez com que este convite surgisse. Me decepcionei um pouco ao ensinar na área universitária: o salário nada convidativo e os alunos que em sua maioria só queria um diploma. Ensinar demanda tempo para aprender: aprender a lidar com os alunos, com os colegas da área, com os interesses financeiros das instituições, com o meu trabalho de contadora. Mas, mesmo assim, queria ensinar.
A faculdade me proporcionou um grande desafio o EAD - Educação a Distância - estava formando professores para atuar nesta área e nem pensei duas vezes quando recebi o convite para fazer uma especialização em Metodologia do Ensino a Distância financiado 50% pela instituição. Minha filha mais velha, ficou indignada com minha indecisão. Até hoje me lembro de suas palavras: Mãe, mal a senhora terminou a especialização de Contabilidade e Planejamento Tributário já vai fazer outra e nesta área de educação a distância? Faz não, é perca de tempo... Amei o curso. Valeu cada momento. E o que fiz?
Fiz uma seleção para ser professor no SENAC na área de educação a distância. Fui chamada. Neste momento, decido fechar o escritório por motivos pessoais e vou tentar viver na cidade grande. O SENAC foi uma verdadeira escola para mim. Meu temperamento agressivo, minha impaciência, minha sede de conhecimento tudo foi renovado pelos caminhos traçados com tanto amor no SENAC. Mais do que uma instituição de ensino lá era o meu PARAÍSO, onde fiz minhas melhores amizades, convivi com alunos que queriam o que eu queria dar: o conhecimento. E se não fosse pela instabilidade financeira que os professores horistas vivem NUNCA teria saído de lá.
Estabilidade? Lembra a "Concurso público". Resolvi fazer, apenas para poder me sentir segura no SENAC. Foi uma sacada daquelas, única, que temos na vida em torno de 12.000 vagas e claro que esta era a minha oportunidade. Não queria ganhar muito, pois o que o SENAC me proporcionava era suficiente. Por ironia do destino, o SENAC muda o
foco da educação a distância e eu teria que dar aula presencial a noite. Ou seja, trabalhar mais do que 8 horas por dia. Em um deles me sairia mal. Não seria uma boa profissional. Este foi o meu maior desafio a área pública, na verdade, está sendo.
No terceiro dia de trabalho, sai de lá dizendo que não voltaria. Me sentia péssima. Me sentia como um cego num quarto desconhecido. Não sabia de nada. Minha maior descoberta foi saber que sabia assinar o meu nome, pelo menos isto. Entrei em depressão. Adoeci. Mas resolvi: DAR O MELHOR DE MIM, ser humilde, pedir ajuda aos colegas e sorrir todos os dias. Deus havia me dado o que muitos queriam: um concurso público. Se tudo era novo, então era aprender do zero. Era começar de novo. Tive a sorte de me ver entre colegas que já haviam passado pelo que eu estava passando e dispostos a ensinar. Foi um ensinamento difícil. As pessoas te olham e não acreditam que você não sabe de nada naquela área. Lembrando: quem ia aos bancos fazer meus pagamentos e até emitir meus cheques eram as pessoas que trabalhavam para mim. Estes, também, elaboravam ofícios, visitavam os órgãos publicos, faziam a cobrança, etc... Com a idade de mais de 50 anos. Todos os clientes pensam que você é antiga naquela empresa, que sabe tudo. E muitas e muitas vezes eu repeti: Ah! Desculpe. Mas você sabe: novata sofre! Me colocaram aqui para enfeitar a mesa e sorrir para vocês, porém me digam o seu problema que vou tentar ajudar. Alguns entendiam, outros saiam jogando fumaça pelo nariz. Fiz amigos e inimigos.
E, agora, o meu grande desafio é fazer os meus colegas entenderem que já não sou tão novata assim e que minha sede de saber não tem limites, amo trabalhar e ser produtiva, não quero nunca deixar de aprender e ensinar o pouco que sei.
Nasci motivada e vou morrer motivada a ser SEMPRE FELIZ. O MELHOR LUGAR É ONDE ME ENCONTRO. O QUE MAIS GOSTO DE FAZER É O QUE FAÇO E SEMPRE DAREI O MELHOR DE MIM.
Texto coloquial de minha autoria: Darlene Maciel, formada em Administração de Empresas, Empresária Contábil e Empregada Pública Federal.
Lembro que comecei a me interessar por contabilidade, não quando fiz o curso Técnico em Contabilidade, mas quando resolvemos abrir um escritório de contabilidade numa cidade do interior do Ceará. Suas pessoas que foram convidadas a lá trabalhar não queriam me ensinar nada. O que fiz? Virei a sombra delas. Ficava olhando sobre o ombro delas, vendo-as trabalhar. Pouco tempo depois, já entendia o que era o débito e o crédito, como funcionava o sistema contábil.
Resolvi começar pelo setor pessoal, porque elas não tinham tanta experiência e o sistema não tratava desta parte. Era tudo manual, a base, ainda, da datilografia. Nunca tive um curso sobre informática, mas comprei um livro sobre o Excel, pois precisava criar uma planilha que facilitasse o trabalho do setor. Criei uma planilha que interligava os dados da planilha da folha de pagamento e calculava o INSS a pagar e o FGTS. Era o máximo. Fiz logo uma assinatura numa revista de contabilidade para me manter sempre atualizada sobre as novidades da contabilidade. E assim fui aprendendo tudo o que sei hoje na área contábil.
Mas tínhamos um gargalho, grande, quem fizesse a manutenção dos computadores. Todos tinham que estar em rede e quando havia um problema nos computadores, por menor que fosse, esperava-se horas, ou dias para alguém consertar. O que fiz? Sompra do técnico de informática. Aos poucos fui entendendo como funcionava um ambiente de rede. Um amigo desta área começou a nos prestar serviço de manutenção e como havia algumas maquinas me ofereci para ir ajudando para agilizar o processo. Pronto, mais um problema resolvido, agora eu já podia dar manutenção básica aos meus aparelhos.
Um belo dia fomos envolvidos num grande escândalo contábil, meu marido entrou em depressão e tive que assumir o escritório sozinha. Foi um Deus nos acuda!!! Agora todos os setores tinha que assumir: fiscal, contábil e pessoal. Além da administração do escritório, finanças e tudo o mais. O que fiz? Sombra das que trabalhavam neste setor, leitura abrangente, etc...O maior problema era manter a equipe. Eram em torno de 11 empregados. Todos dependiam do escritório. Começamos a perder clientes, por conta deste escândalo. De repente tivemos nossos orçamentos reduzidos a 1/3 do que ganhávamos com a mesma despesa de antes.
Como manter a confiança dos clientes em mim? A maioria conhecia apenas o meu marido. Houve um processo natural, quem se identificava com meu estilo ficou e quem não, saiu. Claro que nosso quadro de empregados foi se reduzindo, mas tomei o cuidado de alocar cada uma delas num local de trabalho recebendo mais do que eu podia pagar.
Comecei a perceber que precisava incrementar minha educação, afinal só tinha o ensino médio, o futuro estava incerto. Entrei para a faculdade, nesta cidade do interior, e em primeiro lugar...após vinte anos sem estudar..dei entrevista e tudo. É claro que foi mais por brincadeira do meu colega jornalista do que pelo fato em si. O que ninguém entendeu é porque não quis me formar em Ciencias Contábeis e sim em Administração de Empresas. A resposta foi bem simples: eu queria ser a melhor contadora do mundo e o curso de Administração abria este mundo para mim. Saber administrar é um benção que poucos sabem fazer. Planejar, organizar, coordenar e executar esta sou eu.
Ao longo da faculdade fui me identificando com o ensino. Fui entendendo que o que eu fazia no escritório, sem nenhum conhecimento adminstrativo, era a forma correta de fazer. A ideia de formar uma equipe cujo traço de cada um completava a falta do outro era outra coisa correta. Contratar quem não tinha nenhum conhecido e formar este com a cultura da minha empresa era outro ponto forte. Entendi que tinha um dom: o dom de ensinar. Era um prazer repassar tudo o que eu sabia. Nunca tive medo que alguem tomasse o meu lugar por saber mais do que. Na verdade era isto que eu esperava de cada um que comigo trabalhava. Que soubessem mais do que eu, senão para que me serviriam? Existem dois lemas que acredito: ninguem rouba o seu conhecimento e quer alguma coisa da vida? Então, dê sempre o melhor de si.
Recebi o convite para ensinar na Faculdade pelo meu professor de direito. Era com ele que eu mais discursava em sala de aula. Creio que toda a minha curiosidade e sinceridade fez com que este convite surgisse. Me decepcionei um pouco ao ensinar na área universitária: o salário nada convidativo e os alunos que em sua maioria só queria um diploma. Ensinar demanda tempo para aprender: aprender a lidar com os alunos, com os colegas da área, com os interesses financeiros das instituições, com o meu trabalho de contadora. Mas, mesmo assim, queria ensinar.
A faculdade me proporcionou um grande desafio o EAD - Educação a Distância - estava formando professores para atuar nesta área e nem pensei duas vezes quando recebi o convite para fazer uma especialização em Metodologia do Ensino a Distância financiado 50% pela instituição. Minha filha mais velha, ficou indignada com minha indecisão. Até hoje me lembro de suas palavras: Mãe, mal a senhora terminou a especialização de Contabilidade e Planejamento Tributário já vai fazer outra e nesta área de educação a distância? Faz não, é perca de tempo... Amei o curso. Valeu cada momento. E o que fiz?
Fiz uma seleção para ser professor no SENAC na área de educação a distância. Fui chamada. Neste momento, decido fechar o escritório por motivos pessoais e vou tentar viver na cidade grande. O SENAC foi uma verdadeira escola para mim. Meu temperamento agressivo, minha impaciência, minha sede de conhecimento tudo foi renovado pelos caminhos traçados com tanto amor no SENAC. Mais do que uma instituição de ensino lá era o meu PARAÍSO, onde fiz minhas melhores amizades, convivi com alunos que queriam o que eu queria dar: o conhecimento. E se não fosse pela instabilidade financeira que os professores horistas vivem NUNCA teria saído de lá.
Estabilidade? Lembra a "Concurso público". Resolvi fazer, apenas para poder me sentir segura no SENAC. Foi uma sacada daquelas, única, que temos na vida em torno de 12.000 vagas e claro que esta era a minha oportunidade. Não queria ganhar muito, pois o que o SENAC me proporcionava era suficiente. Por ironia do destino, o SENAC muda o
foco da educação a distância e eu teria que dar aula presencial a noite. Ou seja, trabalhar mais do que 8 horas por dia. Em um deles me sairia mal. Não seria uma boa profissional. Este foi o meu maior desafio a área pública, na verdade, está sendo.
No terceiro dia de trabalho, sai de lá dizendo que não voltaria. Me sentia péssima. Me sentia como um cego num quarto desconhecido. Não sabia de nada. Minha maior descoberta foi saber que sabia assinar o meu nome, pelo menos isto. Entrei em depressão. Adoeci. Mas resolvi: DAR O MELHOR DE MIM, ser humilde, pedir ajuda aos colegas e sorrir todos os dias. Deus havia me dado o que muitos queriam: um concurso público. Se tudo era novo, então era aprender do zero. Era começar de novo. Tive a sorte de me ver entre colegas que já haviam passado pelo que eu estava passando e dispostos a ensinar. Foi um ensinamento difícil. As pessoas te olham e não acreditam que você não sabe de nada naquela área. Lembrando: quem ia aos bancos fazer meus pagamentos e até emitir meus cheques eram as pessoas que trabalhavam para mim. Estes, também, elaboravam ofícios, visitavam os órgãos publicos, faziam a cobrança, etc... Com a idade de mais de 50 anos. Todos os clientes pensam que você é antiga naquela empresa, que sabe tudo. E muitas e muitas vezes eu repeti: Ah! Desculpe. Mas você sabe: novata sofre! Me colocaram aqui para enfeitar a mesa e sorrir para vocês, porém me digam o seu problema que vou tentar ajudar. Alguns entendiam, outros saiam jogando fumaça pelo nariz. Fiz amigos e inimigos.
E, agora, o meu grande desafio é fazer os meus colegas entenderem que já não sou tão novata assim e que minha sede de saber não tem limites, amo trabalhar e ser produtiva, não quero nunca deixar de aprender e ensinar o pouco que sei.
Nasci motivada e vou morrer motivada a ser SEMPRE FELIZ. O MELHOR LUGAR É ONDE ME ENCONTRO. O QUE MAIS GOSTO DE FAZER É O QUE FAÇO E SEMPRE DAREI O MELHOR DE MIM.
Texto coloquial de minha autoria: Darlene Maciel, formada em Administração de Empresas, Empresária Contábil e Empregada Pública Federal.
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